Sai das cinzas do altar uma luz frouxa...
E os lírios esquecidos dão seu cheiro...
A chama sobre o lar, às vezes, como
Se os génios, invisíveis, assistissem
Ao serão, brilha e agita-se contente,
Enchendo a casa d'um clarão fantástico...
São presságios!... Também se escuta à noite
Correr nos ares um cantar suave,
Vago, longínquo, como se os espíritos
Agitassem, passando, a lira antiga...
São vozes precursoras! Quando os deuses
Vêm visitar a habitação dos homens,
Mandam sempre adiante estes oráculos...
Sim, um dia, do meio das florestas,
Há-de-se erguer a grande voz profética!
Há-de soar! e o vento dos desertos,
Das livres solidões filho indomável,
Há-de abater o cárcere sombrio!
Eles hão-de surgir! Compondo o manto
Da realeza antiga, hemos de vê-los
Na majestade olímpica dos fortes
Descendo os grandes montes! Turba heróica!
E, vestidos de luz, a terra inteira,
Vendo o drama divino, há-de saudá-los
Em alta aclamação - teatro imenso
Co'a grande voz dos deuses ecoando!