Mas eu... posso eu acaso merecer-te?
Deu-te o Senhor, mulher! o que é vedado,
Anjo! Deu-te o Senhor um mundo à parte.
E a mim, a quem deu olhos para ver-te,
Sem poder mais... a mim o que me há dado,
Voz que te cante... e uma alma para amar-te!
*
É pouco, é muito!... É tudo quanto pode
Dar-se... porque é o amor!
Ao olhar, que assim busca, o que se esconde,
- Vê o sorriso e a dor -
Vê-o?... Reflecte-o em si, e em si o sente,
Como o ar sente o som:
E, como o ar vai cambiando o som tremente,
Repete cada tom.
Funde-se um ser no outro e une-os um laço,
Como o azul se une aos céus.
E os olhos?... quem distingue, nesse abraço,
Os meus... e os que são teus?