Como seio de mãe seu filho acolhe,
Teu seio, de piedade nunca avaro
Por me livrar de morte e desamparo
Há-de abrir-se à desdita que me colhe.
E, olhando-me, hão-de os olhos teus formosos
Humedecidos ver-se pelo pranto,
Que n'alma me há-de ser bálsamo santo,
E promessa de dias mais ditosos.
E teu lábio, que a prece perfumara,
Pousando-me na face angustiada,
Na linguagem d'amor, no céu fadada,
Dirá que em vão meus sonhos não sonhara.
*
Pôs-te Deus sobre a fronte a mão poderosa:
O que fada o poeta e o soldado
Volveu a ti o olhar d'amor velado,
E disse-te: «mulher, vai! sê formosa!»
E tu, descendo na onda harmoniosa,
Pousaste neste solo angustiado:
- Estrela envolta num clarão sagrado,
Do teu límpido olhar na luz radiosa -