Todo o escuro se ilumina,
Duma luz coada e branda,
E voam as fantasias,
Como aves, de cada banda:
Assim, quando teus pés roçam
A terra dura e sem cores,
Sob a pisada, que a afaga,
Às mil vêm brotando as flores!
VI
Há na tua varanda uma roseira
Virada ao sol e ao mar,
Que o vento dos jardins d'Andaluzia
Anda sempre a embalar.
Banha-a a luz, dá-lhe concerto a onda;
Nem - da violeta ao lis -
Não vi jamais, neste jardim de Espanha,
Quem fosse mais feliz!
Mas deixa um meu suspiro bafejar-te
Com o sopro do amor...
Verás então que rosa desabrocha
Dentro em tua alma, flor!
Ah! deixa, deixa-a abrir-se nos teus olhos,
Como a flor no balcão...
Por sol, o astro radiante da ventura
E mar, o coração!