Vês aqui o meu poema,
A minha doce mentira,
Que eu, poeta, em sonhos canto
Co'a lua cheia por lira!
Oh! rouxinóis das balseiras!
Suspiros do coração!
Uns cantavam-te a beleza,
Outros a minha ilusão!
Assim passo pelo mundo
Com esta ilusão nos braços!
Ninguém sabe a luz que escondo
Por detrás d'uns olhos baços!
Quando assim vou pelos montes
Té me lastimam as feras...
Oh! que sombras no arvoredo!
E n'alma que primaveras!
IV
Nós somos loucos, não somos?
Desta louca poesia,
Desta riqueza dos pobres
Que se chama fantasia!
Ergamos pois nossa tenda
E nosso lar de pobreza
No mais ermo desses montes,
No fundo da natureza.