Cuidei ser amor aquilo
E ser aquilo viver...
Oh! que sonhos que se abraçam
Quando se quer esquecer!
Eram fantasmas que a noite
Trouxe, e o dia já levou...
À luz d'estranha alvorada
Hoje minha alma acordou!
Esquecei aqueles cantos...
Só agora sei falar!
Perdoai-me esses delírios...
Só agora soube amar!
II
Amar! mas d'uns amores que têm vida...
Não serão vagos, trémulos harpejos,
Não serão só delírios e desejos
Duma douda cabeça escandecida...
Hão-de-se ver! e, como a luz fundida,
Penetrar o meu ser - não serão beijos
Dados no ar - delírios e desejos -
Mas amor... d'uns amores que têm vida.
Com eles hei-de andar no mundo: o dia
Não pode vir fundi-los nos meus braços
Como névoas ideais da fantasia.