Embala a alma opressa
De quem já não tem mais
No céu, do que as estrelas,
Na terra, que seus ais...
Embala no teu peito
A última esperança
De quem só vê no mundo
Teu riso de criança...
Embala nos teus braços
Minha última ilusão...
É leve - tem o peso
D'um ermo coração -
Embala, no teu berço
De paz e de inocência,
As minhas horas últimas
De inútil existência...
Embala as minhas dores,
Que, enfim, durmam também:
Sê, flor, meu universo,
Criança, a minha mãe!
VIII
Mãe - que adormente este viver dorido,
E me vele esta noite de tal frio...
E, com as mãos piedosas, até o fio
De meu pobre existir, meio partido...
Que me leve consigo, adormecido,
Ao passar pelo sítio mais sombrio...
Me banhe e lave a alma lá no rio
Da clara luz do seu olhar querido...