Levaram-te! levou-te a onda dos mares!
A asa da águia! o vento!
Geme cativa - chora sem alento,
Pomba d'amor, saudosa dos teus lares!
Teu ninho agora é triste, glacial...
Um leito conjugal!
Antes a terra escura, pobre escrava,
Aonde - sob a abóbada sombria -
Tua alma os voos livres estendia...
E o coração amava!
1864.
V
INTIMIDADE
Quando, sorrindo, vais passando, e toda
Essa gente te mira cobiçosa,
És bela - e se te não comparo à rosa,
É que a rosa, bem vês, passou de moda...
Anda-me às vezes a cabeça à roda,
Atrás de ti também, flor caprichosa!
Nem pode haver, na multidão ruidosa,
Coisa mais linda, mais absurda e douda.