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Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 116

Vivíamos assim havia perto de três meses quando as pessoas começaram a partir de Bath e ele próprio falou em abalar também, acrescentando que teria muito prazer em que o acompanhasse a Londres. A proposta não me tentou muito, pois não sabia qual seria a minha situação na capital nem o uso que tencionava dar-me. Mas, enquanto debatíamos esta questão, o meu amigo adoeceu gravemente. Fora a um lugar chamado Shepton, em Somersetshire, onde tinha certos negócios a tratar, e adoecera de tal maneira que não ficara em estado de viajar. Mandou, por isso, o criado a Bath pedir-me que alugasse uma carruagem e fosse ter com ele. Antes de partir deixara-me todo o seu dinheiro e outras coisas de valor, às quais fiquei sem saber que fazer. Guardei tudo o melhor que pude, fechei os meus aposentos e fui ter com ele. Encontrei-o deveras doente, mas persuadi-o a regressar de liteira a Bath, onde havia mais recursos e melhores médicos.

Consentiu e levei-o para Bath, que ficava, segundo me lembro, a cerca de quinze milhas de distância. Continuou muito doente, cheio de febre, e ficou de cama cinco semanas, durante as quais o tratei e cuidei tão carinhosamente como se fosse sua esposa. Na realidade, se o fosse, não teria feito mais por ele do que fiz. Passava tanto tempo com ele que, por fim, não consentiu que velasse mais e acabei por levar um catre para o seu quarto e deitar-me nele, aos pés da sua cama.

Entristecia-me sinceramente o seu estado e, com a apreensão de perder o amigo que era e o que podia vir a ser, passava horas a chorar à sua cabeceira. Mas por fim melhorou e deu-me esperanças de se refazer, o que aconteceu de facto, embora muito devagar.

Se as coisas tivessem sido diferentes do que vou narrar, não me acanha- ria de o dizer, como tenho feito noutras passagens; mas afirmo que, em todas as nossas conversas, exceptuando a liberdade de entrarmos no quarto um do outro quando estávamos deitados e a necessidade de o tratar de noite e dia durante a sua enfermidade, não houvera entre nós a mínima palavra ou acção impudica.

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Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
Página atual: 116

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7