As autoridades aceitaram as declarações como fidedignas e eu dei à luz com tanta dignidade como se fosse, de facto, Lady Cleve, ajudada no trabalho de parto por três ou quatro das melhores parteiras de Bath, que viviam nas proximidades, o que me tornou ainda um pouco mais cara ao meu cavalheiro. Exprimi-lhe muitas vezes a minha preocupação por tal facto, mas rogou-me sempre que não me inquietasse.
Como me deixara dinheiro suficiente para as despesas extraordinárias do parto, rodeei-me de tudo quanto era necessário, sem contudo me alargar em extravagâncias. Consciente das minhas circunstâncias e conhecendo o mundo como conhecia, sabia que as situações do género da minha raramente duravam muito e, por isso, tive o cuidado de poupar o mais possível, para estar prevenida, fazendo-lhe ver, no entanto, que gastara tudo na emergência.
Assim, com o que antes me dera, como atrás mencionei, encontrei-me no fim do parto com cerca de duzentos guinéus, incluindo o que restava do meu dinheiro.
Dei à luz um belo rapaz, verdadeiramente encantador, e, quando o soube, o meu amigo escreveu-me uma carta muito amável e gentil, na qual me dizia achar melhor partir para Londres assim que estivesse boa. Reservara-me aposentos em Hammersmith para onde iria como se fosse apenas de Londres, e passado algum tempo regressaria a Bath e ele viria comigo.
A oferta agradou-me muito e, de acordo com a mesma, aluguei uma carruagem e, acompanhada do meu filho, de uma ama para o amamentar e de uma criada, parti para a capital.
O meu amigo juntou-se-me em Reading, na sua própria carruagem, e, deixando a criada, a ama e o menino na alugada, conduziu-me aos meus novos aposentos em Hammersmith, os quais me agradaram deveras, pois eram excelentes, e fiquei muito bem instalada.
