Suplicou-me que não falasse em partir e garantiu-me que não tinha qualquer pensamento desonroso a meu respeito e estava longe de me pro- por alguma indignidade. Se eu pensava o contrário, nada mais tinha a dizer-me.
Claro que não me agradou nada a ameaça e, por isso, apressei-me a declarar que estava disposta a ouvir o que tivesse a dizer, desde que não fosse indigno dele nem impróprio dos meus ouvidos. Informou-me então de que a sua proposta era o seguinte: desposá-lo-ia apesar de não ter ainda obtido o divórcio da desavergonhada da mulher, mas, para me provar que as suas intenções eram honestas, prometia não viver nem dormir co- migo enquanto não estivesse divorciado. O meu coração mandou-me dizer «sim» logo à primeira palavra, mas a sensatez aconselhou-me a fazer de hipócrita mais algum tempo. Fingi, por isso, declinar a sugestão com certo calor e achá-la, até, um pouco desleal, declarando-lhe que tal proposta só serviria para nos causar a ambos grandes dificuldades, pois se, ao fim e ao cabo, não lograsse obter o divórcio, não poderíamos dissolver o matrimónio nem tão-pouco consumá-lo. Ele que reflectisse, portanto, na singular situação em que ambos ficaríamos.