Instalámo-nos, por isso, numa estalagem da West Street cujo nome esqueci, mas que ficava perto da catedral.
Aí, ao falar da minha ida para a Irlanda, o meu esposo perguntou-me se não tinha assuntos a arrumar em Londres antes da partida. Repliquei-lhe que não tinha nada de grande importância ou que não pudesse ser resolvido por carta, de Dublim.
- Suponho que a maior parte dos teus bens - disse-me muito respeitosamente -, na sua maioria em dinheiro no Banco de Inglaterra, segundo me informou a minha irmã, estão em segurança, mas, no caso de ser preciso transferi-los ou modificar de qualquer modo a sua propriedade, tornar-se-ia necessário ir a Londres e arrumar esse assunto antes de partirmos.
Olhei-o com estranheza e respondi-lhe não perceber o que queria dizer; não tinha, que soubesse, quaisquer bens no Banco de Inglaterra e esperava não pudesse afirmar que alguma vez lhe dissera o contrário. Não lho dissera, de facto, redarguiu-me, mas soubera pela irmã que a maior parte da minha fortuna se encontrava lá.
- Falei nisto apenas por me parecer que seria conveniente tratar agora de quaisquer formalidades que porventura sejam necessárias, para evitar o incómodo de outra viagem. - E acrescentou não desejar arriscar-me muito no mar.
Fiquei surpreendida com as suas palavras e comecei a pensar muito a sério no seu possível significado. Ocorreu-me, então, que a minha amiga que lhe chamava irmão devia ter-me pintado com cores que não me pertenciam, e achei que, visto as coisas terem chegado àquele ponto, o melhor seria esclarecer tudo muito bem, antes de sair de Inglaterra e de me encontrar num país desconhecido, não sabia em que mãos.
Por isso, na manhã seguinte, chamei ao meu quarto a irmã do meu marido, relatei-lhe a conversa que tivéramos na véspera à noite e roguei-lhe me informasse do que contara ao irmão e em que base fizera aquele casamento.
