Mas eu sentia-me inquieta e assustada, com medo, sobretudo, de que o meu antigo marido se encontrasse ainda na estrada e me visse.
Nunca vivi quatro dias mais agradáveis em toda a minha vida! Fui uma noiva autêntica, nesse intervalo, e o meu novo esposo esforçou-se por que tudo me agradasse. Ah, que se tal vida houvesse continuado, como teria esquecido todos os males passados e evitado os desgostos futuros! Mas tinha contas a prestar de uma vida passada demasiado corrupta, contas que prestaria em parte neste mundo, em parte no outro.
Partimos no quinto dia e o estalajadeiro, ao perceber a minha inquietação, montou a cavalo, com o filho e três honestos companheiros, todos munidos de boas armas de fogo, e, sem nos dizerem nada, seguiram a diligência até chegarmos sãos e salvos a Dunstable. Não pudemos fazer menos de que obsequiá-los como mereciam em Dunstable, o que custou ao meu esposo dez ou doze xelins, além do que deu aos homens pelo tempo perdido. O estalajadeiro, porém, nada quis aceitar para si.
Tudo acontecera da melhor maneira possível no que me respeitava. Se chegasse a Londres por casar, teria de recorrer à hospitalidade do meu noivo ou de lhe revelar que não tinha em toda a cidade de Londres um único conhecimento que recebesse uma pobre noiva na sua primeira noite com o novo esposo. Mas assim, como casara havia vários dias, não tive quaisquer escrúpulos em ir directamente para a sua residência, onde tomei posse imediata de um lar bem mobilado e de um marido abastado, o que me permitia ter esperanças de um futuro muito feliz, se não fizesse nada que o deitasse a perder. Não me faltou tempo para reflectir no valor autêntico da vida que me esperava, para avaliar como seria diferente da existência dissoluta e desgovernada que levara antes e quanto uma vida de virtude e sobriedade é mais feliz que aquela a que chamamos vida de prazer.
