Logo, porém, fingia que se esquecia, voltava a falar alto e eu, desvanecida, não deixava de ouvir os seus louvores.
Depois de ter iscado assim o seu anzol e de encontrar maneira fácil de o lançar no meu caminho, começou a fazer um jogo mais franco. Um dia, ao passar pelo quarto de uma das irmãs quando eu lá me encontrava, creio que a ajudá-la a vestir-se, entrou, com um ar muito alegre, e disse-me:
- Olá, Mrs. Betty, como está? Não sente as faces a arder, Mrs. Betty?
Fiz-lhe uma vénia e corei, mas não disse nada.
- Por que perguntas isso, mano? - indagou a menina.
- Porque na última meia hora estivemos a falar dela, lá em baixo.
- Como tenho a certeza de que não podiam ter dito nenhum mal a seu respeito, pouco importa do que falaram - redarguiu a irmã.
- Longe de dizermos mal dela, dissemos muito bem e, garanto-te, muitas coisas bonitas ouvi a respeito de Mrs. Betty - afirmou o irmão. - Disse-se, sobretudo, que era a jovem mais bonita de Colchester e que, em resumo, na cidade começam a brindar à sua saúde.
- Surpreendes-me, mano! À Betty só falta uma coisa, mas é como se faltassem todas; presentemente o nosso sexo encontra-se numa triste situação. Uma rapariga pode ter inexcedível beleza, bom nascimento, educação, inteligência, sensatez, boas maneiras e modéstia, mas se não tiver dinheiro, não é ninguém, vale tanto como se lhe faltassem todas as virtudes, pois hoje em dia só o dinheiro recomenda uma mulher.
O irmão mais novo, que também estava presente, protestou:
- Mais devagar, mana, mais devagar! Eu sou uma excepção à regra, pois garanto-te que, se encontrasse uma mulher tão prendada como essa que referiste, não me preocuparia o dinheiro.
- Pois sim, mas, se não o tivesse, cuidarias de não te enamorar dela! - redarguiu a menina.
