Mas eu já me encontrava longe quando a damazinha procurara o lacaio e lhe contara o sucedido.
Depois disto, meti-me numa aventura de natureza diferente de quantas já tivera, numa casa de jogo perto de Covent Garden.
Vi várias pessoas entrarem e saírem sem me afastar do corredor, onde me encontrava com outra mulher, até que, quando subia um cavalheiro de aspecto mais distinto do que os outros, me atrevi a perguntar-lhe:
- Diga-me, por favor, senhor, deixam subir mulheres?
- Sim, minha senhora - respondeu-me. - E jogar também, se o desejarem.
- Era isso que queria saber, senhor.
Disse-me que, se eu quisesse, me conduziria à sala de jogo e, por isso, segui-o até à porta.
- Ali estão os jogadores, minha senhora, se lhe apetece tentar a sorte.
Espreitei e disse à minha companheira, em voz alta:
- Só cá estão homens! Não, com eles não me arrisco.
- Não tenha medo, minha senhora - respondeu-me um dos cavalheiros. - Aqui só há jogadores honestos. Temos muito prazer em que entre e arrisque o que desejar.
Aproximei-me um pouco mais, sentei-me na cadeira que me ofereceram, vi o copo e os dados circularem rapidamente e disse à minha companheira:
- Os cavalheiros jogam demasiado alto para nós; vamo-nos embora. Mostraram-se todos muito delicados e um cavalheiro, em especial, encorajou-me:
- Venha, minha senhora. Se lhe apetece jogar e se confia em mim, afirmo-lhe que ninguém as prejudicará.
- Oh, sem dúvida, estou convencida de que os cavalheiros não fariam batota com uma mulher! - afirmei, a sorrir, mas recusei arriscar-me, embora tirasse uma bolsa com dinheiro, para que vissem que estava prevenida.
Passado um bocado, um dos cavalheiros disse-me, em ar de troça:
- Vejo que está com receio de arriscar por si mesma, mas, como sempre tive sorte com as senhoras, peço-lhe que arrisque por mim.
