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Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 288
Não se tratava de loja nem de armazém de fanqueiro, antes parecia a casa de habitação de um homem que vendia aos fanqueiros por conta dos tecelões, como agente ou intermediário.

Para resumir esta parte desta triste história, direi que fui atacada por duas raparigas esganiçadas, que me caíram em cima quando ia a sair, uma das quais me puxou para trás enquanto a outra fechava a porta. Podia ter-lhes dito boas palavras, mas compreendi a inutilidade de tal tentativa, pois nem dois dragões se mostrariam mais furiosos que elas. Rasgaram- -me as roupas, maltrataram-me e berraram como se me quisessem matar. Atraídos pelo alarido, não tardaram a aparecer a dona da casa e, a seguir, o marido, mostrando-se todos indignadíssimos e rabiosos, pelo menos durante algum tempo.

Falei ao dono da casa em termos muito humildes, dizendo-lhe que a porta estava aberta e as sedas tinham sido uma tentação, pois era pobre e infeliz e à pobreza poucos podiam resistir, e supliquei-lhe com lágrimas nos olhos que tivesse piedade de mim. A mulher compadeceu-se, mostrou-se disposta a deixar-me ir em paz e quase convenceu o marido a fazê-lo, mas as atrevidas moças tinham ido buscar um guarda, sem esperarem que as mandassem, e o patrão disse-me que já nada podia fazer senão levar-me à presença de um juiz de paz, acrescentando, em intenção da mulher, que poderia arranjar trabalhos para si próprio se me deixasse partir.

O aparecimento do guarda encheu-me de terror e desejei sumir-me pelo chão abaixo. Desfaleci de medo, de tal maneira que os assistentes julgaram que ia morrer e a senhora da casa interveio novamente em meu favor, suplicando ao marido que me deixasse ir em paz, visto não terem perdido nada. Prontifiquei-me a pagar as peças de seda, fosse qual fosse o seu valor e apesar de não me ter apoderado delas, e argumentei que, em virtude de não terem perdido nada, seria cruel quererem a minha morte e verterem o meu sangue por haver tentado apenas tirar-lhes as peças de seda.

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Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
Página atual: 288

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7