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Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 292

Na própria tarde em que me levaram para Newgate mandei a notícia à minha velha governanta e ela, podeis crer, passou uma noite tão angus- tiosa fora dos muros da prisão como eu dentro deles.

Na manhã seguinte foi visitar-me e fez o que pôde para me confortar, mas compreendeu que os seus esforços eram inúteis. No entanto, como ela dizia, deixarmo-nos abater sob o fardo servia apenas para lhe aumentar o peso e, portanto, começou logo a tomar as providências necessárias para tentar evitar as consequências nefastas do acontecido, procurando antes de mais nada as duas víboras que me haviam surpreendido. Falou-lhes, tentou persuadi-las, ofereceu-lhes dinheiro, numa palavra, experimentou todas as maneiras possíveis para impedir a instauração do processo. Ofereceu cem libras a uma das moças para deixar a patroa e não depor contra mim, mas a rapariga era tão obstinada que, embora não devesse ganhar mais que três libras por ano, recusou peremptoriamente, do mesmo modo que recusaria, calculou a minha ama, se lhe oferecesse quinhentas libras. A minha velha ama atacou então a outra criada, que parecia menos dura que a colega e, por vezes, se mostrava disposta a compadecer-se. Mas a primeira instigou-a a mudar de ideias e, ao fim e ao cabo, não consentiu sequer que a minha governanta lhe falasse, ameaçando-a de a mandar prender por querer subornar as testemunhas.

Recorreu então ao patrão, isto é, ao dono das mercadorias, e sobretudo a mulher deste, a qual, como já disse, mostrava deste o princípio compadecer se de mim, sentimento de mantinha. Mas o homem alegrou que o juiz que me prendera o obrigara a apresentar queixa contra mim e que, portanto, nada podia fazer. A minha governanta prontificou-se a arranjar amigos que tiraram a queixa dos arquivos, para que ele não fossem nada, mas não houve maneira de o convencer de que tal era possível ou de que poderia viver em paz e em segurança se não me acusasse teria portanto três testemunhas de acusação - o patrão e as duas criadas -, o que significava ser tão certo condenarem-me à morte como estar viva.

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Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
Página atual: 292

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7