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Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 317
A servidão e os trabalhos forçados eram coisas a que cavalheiros jamais de- viam descer, pois não passavam de maneiras de os forçar a serem, depois, os seus próprios algozes, o que era muito pior. Portanto, não podia pensar, sequer, em ser deportado.

Tentei por todas as formas persuadi-lo e recorri, até, àquele conhecido argumento feminino: as lágrimas. Disse-lhe que a infâmia da execução pública era, com certeza, uma tortura maior para o espírito de um fidalgo do que qualquer das mortificações que podiam esperá-lo no degredo; que a deportação lhe proporcionava, pelo menos, uma probabilidade de vida, ao passo que a forca só lhe dava a morte; que lhe seria facílimo manobrar o capitão de qualquer navio, pois esses homens eram geralmente generosos e cavalheirescos, e que, se procedesse com acerto, e sobretudo se tivesse algum dinheiro para ajudar, poderia comprar a liberdade quando chegasse à Virgínia.

Olhou-me tristemente e supus que o fazia por não ter dinheiro, mas enganava-me, pois a origem da sua tristeza era outra.

- Insinuaste há pouco, querida, que talvez houvesse maneira de regressar antes de partir, do que deduzi ser talvez possível comprar aqui a liberdade. De facto, preferia dar duzentas libras para não ir, a dar cem para ser posto em liberdade quando chegasse.

- Dizes isso, querido, porque não conheces a terra tão bem como eu - redargui-lhe.

-Talvez. No entanto creio que, por muito bem que conheças a terra, farias o mesmo, a não ser que O não fizesses por teres lá a tua mãe, como me disseste.

Disse-lhe ser quase impossível que a minha mãe ainda vivesse, que devia ter morrido há muitos anos e que, se ainda lá tivesse outros parentes, já não os conhecia, pois, desde que o meu infortúnio me reduzira à condição em que há vários anos me encontrava, deixara de corresponder-me com eles.

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Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
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Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7