A minha ama rogou-lhe o seu auxílio no primeiro pormenor, do que ele prometeu encarregar-se e de que, de facto, se encarregou fielmente, e, quanto ao resto, ficou de nos recomendar a quem soubesse aconselhar-nos melhor, sem nos prejudicar, como desejávamos.
A minha amiga inquiriu ainda se seria conveniente levarmos ferramentas e materiais para nos estabelecermos como plantadores, ao que ele respondeu que sim, e voltou a solicitar o seu auxílio, declarando que nos forneceria tudo, fosse qual fosse o preço que tivesse de pagar. O capitão deu-lhe, então, uma longa lista das coisas necessárias a um plantador e que, pelas suas contas, importariam em cerca de oitenta a cem libras. Ela comprou tudo com tanta habilidade como se fosse uma velha mercadora da Virgínia, com a diferença de que, a meu conselho, adquiriu mais ou menos o dobro das coisas que ele indicara.
Embarcou tudo em seu nome, recebeu os conhecimentos de embarque e endossou-os ao meu marido, segurando depois a carga em seu nome, por nossa ordem. Ficávamos, assim, prevenidos contra todas as eventualidades e contra todos os acidentes.
Devo dizer que o meu marido lhe entregou as cento e oito libras em ouro que, como já narrei, levava consigo e que eu acrescentei a essa soma outra do meu bolso, para que não mexesse nas trezentas libras que lhe deixara de reserva. Depois de feitas todas as compras restavam-nos cerca de duzentas libras em dinheiro, o que era mais do que suficiente para os nossos projectos.
Foi assim, cheios de alegria e de felicidade por nos encontrarmos tão bem instalados, que partimos de Bugby's Hole para Gravesend, onde o barco ficou mais cerca de dez dias e onde o capitão veio definitivamente para bordo. Aí teve para connosco uma delicadeza que não tínhamos motivos nenhuns para esperar, convidando-nos a ir a terra em troca da solene promessa de não o deixarmos ficar mal e de regressarmos pacificamente a bordo.
