A mulher respondeu-me que não sabia ao certo como isso fora, mas que ouvira dizer ter a senhora velha deixado uma soma em dinheiro à filha, dando como segurança do pagamento a sua plantação. Esta importância ser-me-ia paga se alguma vez houvesse notícias minhas, quer em Inglaterra, quer em qualquer outro lado, ficando como procurador o jovem que acabávamos de ver com o pai.
A novidade agradou-me sobremaneira e, podeis crer, encheu-me o coração de mil pensamentos: que resolução tomaria a tal respeito, como, quando e de que maneira me daria a conhecer, se devia ou não dar-me a conhecer, etc.
Era um assunto que não tinha competência para tratar pessoalmente, nem sabia a quem recorrer para me auxiliar. Não me saía do pensamento, nem de noite nem de dia, e, como não conseguia dormir nem conversar, o meu marido percebeu a minha perturbação, perguntou-me o que tinha e esforçou-se, em vão, por me distrair. Insistiu que lhe dissesse o que me atormentava, mas neguei-me sempre, até que, importunada pela sua constante solicitude e pelas suas repetidas perguntas, inventei uma história que não deixava de ter a sua verdade. Disse-lhe andar preocupada por me parecer que nos devíamos mudar e modificar o nosso modo de vida-pois tinha motivos para supor que seria reconhecida se continuássemos naquela terra. Como a minha mãe morrera, vários parentes meus haviam-se mudado para ali e, portanto, via-me na contingência de lhes revelar quem era, o que, nas nossas actuais circunstâncias, não convinha por muitos motivos, ou, então, de nos mudarmos. Era isso que me fazia andar tão melancólica e pensativa.
Concordou comigo em que não era conveniente dar-me a conhecer fosse a quem fosse nas circunstâncias em que nos encontrávamos e disse- -me estar disposto a mudar-se para qualquer outra parte da colónia ou, até, para qualquer outra colónia.
