O rendimento revertia, contudo, a favor do meu dito filho até haver notícias minhas, e, se eu não vivesse, a propriedade seria para ele e para os seus herdeiros.
Esta plantação, embora longe da dele, não fora abandonada, pois confiara-a a um administrador, como fazia com outra que pertencia ao pai, e ia pessoalmente inspeccioná-las três ou quatro vezes por ano. Perguntei-lhe quanto pensava que a mesma valeria e respondeu-me que, se a alugasse, me daria cerca de sessenta libras por ano, mas, se vivesse nela, valeria muito mais, supunha que umas cento e cinquenta libras. Mas, como tudo parecia indicar que me instalaria no outro lado da baía ou talvez pensasse em regressar a Inglaterra, se o nomeasse meu administrador, a geriria por mim e não tinha dúvidas de que poderia mandar-me todos os anos tabaco no valor de cem libras ou mais.
Tudo isto era novidade para mim e o meu coração começou a olhar para o alto com mais seriedade do que nunca e a sentir uma enorme gratidão pela mão da Providência, que tantas maravilhas operara por mim - por mim que era, talvez, das criaturas mais perversas que tinham vindo ao mundo. Devo salientar de novo que, não apenas nesta ocasião, mas em todas as ocasiões em que possuía motivos para me sentir grata, a minha vida passada e abominável nunca me parecia tão monstruosa nem tão detestável, nem tanto me censurava dela, como quando tinha a sensação de que a Providência velava por mim e me fazia bem, apesar de lho retribuir tão vilmente.
Mas deixarei os leitores reflectirem nestes pensamentos, para o que certamente terão motivo, e continuarei a relatar os factos. A ternura do meu filho e as suas generosas ofertas encheram-me os olhos de lágrimas durante quase todo o tempo em que me falou.
