Contudo, replicou:
- Bem, embora isso possa ser verdade em certo sentido, suponho que brincas ao dizer que darás tal resposta; podia ser muito inconveniente, sob diversos aspectos.
- Oh, claro que não penso divulgar o nosso segredo sem teu consentimento! - afirmei de bom grado.
- Que poderás então dizer-lhe, ou dizer-lhes, quando te opuseres irredutivelmente a um casamento que aparentemente seria tão vantajoso para ti?
- Por que hei-de ter dificuldades a esse respeito? Em primeiro lugar, não sou obrigada a dar-lhes explicações; em segundo lugar, poderei dizer-lhes que já sou casada e não adiantar mais nada, e isso obrigá-lo-ia a desistir imediatamente dos seus intentos, pois não teria motivos para fazer mais uma pergunta que fosse.
- Mas toda a família te apoquentará por causa disso, incluindo meus pais, e, se te negares a dar explicações, ficarão ofendidos e, pior ainda, desconfiados.
- Mas que hei-de fazer então? - perguntei. - Que me aconselhas?
Outro dia expus-te o assunto, disse-te que estava em apuros e perplexa e pedi-te que me aconselhasses.
- Minha querida, tenho pensado muito no caso, podes ter a certeza, e, embora os conselhos que te vou dar me encham de mortificação e devam, à primeira vista, parecer-te estranhos, não posso fugir a dar-tos. Consideradas todas as circunstâncias, não vejo melhor solução para ti do que deixá-lo cortejar-te e, se verificares que é sincero, aceitá-lo para marido.
Lancei-lhe um olhar de horror, empalideci mortalmente e ia a cair da cadeira, desfalecida, quando, com um estremecimento de susto, me perguntou:
- Que tens, minha querida? Que se passa contigo?
Com muitas palavras ternas e muitas palmadinhas conseguiu que me refizesse um pouco, embora só passado muito tempo recuperasse por completo os sentidos e conseguisse falar.