Noutra porta a que bateu, a mulher pretendida teve a coragem, por estranho que parecesse, de lhe responder com um «não», e todas as outras tentativas tiveram o mesmo efeito: censuraram-lhe o orgulho, a pretensão de não dar às mulheres licença para se informarem do seu carácter, etc.
Foi quanto bastou para que o cavalheiro começasse a perceber o erro que cometera e, alarmadas todas as mulheres daquela margem, fosse para Ratcliff e tentasse a sorte com algumas das senhoras de lá. Mas, embora as jovens casadoiras estivessem, em virtude das tristes circunstâncias da época, ansiosas por serem pedidas, o jovem capitão teve tanto azar que a sua reputação o seguiu através da água, e a sua fama era tão má lá como do nosso lado. Por isso, embora tivesse muitas mulheres com quem casar, não achava uma com fortuna que o aceitasse, como desejava.
Mas isto não foi nada. A jovem minha amiga recorreu ainda a outra artimanha e pediu a um rapaz novo, seu parente e homem casado, que a visitasse duas ou três vezes por semana, numa boa carruagem e com boas librés, e as duas bisbilhoteiras e eu própria não tardámos a espalhar o boato de que a cortejava, tinha um rendimento de mil libras por ano, se apaixonara por ela e a minha amiga ia para casa da tia, no centro da cidade, pois era inconveniente para o cavalheiro visitá-la com a carruagem em Redriff, visto as ruas serem tão estreitas e difíceis.
O resultado não podia ser melhor nem mais rápido; o capitão passou a ser alvo de risotas de toda a parte e teve de se enforcar. Tentou todas as maneiras possíveis de lhe cair nas boas graças, escreveu-lhe as cartas mais apaixonadas do mundo, desculpando-se da sua anterior grosseria, e, com muita insistência, obteve autorização para a visitar de novo, a fim de salvar a sua reputação, como dizia, e de se reabilitar.
