Escolhi o homem que me convinha sem grande dificuldade, avaliando-o pela maneira como me cortejava. Deixei-o fazer-me juras de amor, protestar que não queria a ninguém no mundo como me queria a mim e afirmar que só aspirava a que o fizesse feliz, mais nada, convencido de que eu era muito rica, embora nunca lhe tivesse dito uma palavra a esse respeito.
Era aquele o meu homem, mas tinha de o experimentar bem, pois nisso consistia a minha segurança; sabia que, se ele arrepiasse caminho, estava perdida - tão perdida como ele, se me aceitasse. Se não mostrasse certos escrúpulos acerca da sua fortuna, levá-lo-ia a tê-los acerca da minha, e por isso comecei por fingir, em todas as ocasiões, duvidar da sua sinceridade e disse-lhe que talvez me cortejasse apenas pelo que eu tinha. Calava-se com um nunca acabar de juras e protestos de amor, mas eu fingia sempre duvidar.
Uma manhã tirou o anel de diamantes e escreveu o verso seguinte na janela dos meus aposentos:
A vós amo, e a vós somente.
Li o verso, pedi-lhe emprestado o anel e escrevi por baixo das suas palavras:
Amar assim diz toda a gente.