O Primo Basílio - Cap. 6: CAPÍTULO VI Pág. 183 / 414

Coitada, há três semanas que tem passado uma vida de enfermeira. Não sai da Encarnação! E agora é a D.

Felicidade. Não é má maçada!

- Pois não sabia, não sabia - murmurava o Paula, com as mãos enterradas nos bolsos.

- Mande-me o D. João VI, hem?

- Às ordens, Sr. Sebastião.

Sebastião foi para casa. Subiu à sala; e atirando o chapéu para o sofá: "Bem, pensou, "agora ao menos estão salvas as aparências!" - Passeou algum com a cabeça baixa; sentia-se triste; porque o ter conseguido, por um justificar aqueles passeios para com a vizinhança, fazia-lhe parecer mais cruel a idéia de que os não podia justificar para consigo. Os comentários dos vizinhos iam findar por algum tempo, mas os seus?... Queria achá-los falsos, pueris, injustos; e, contra sua vontade, o seu bom senso e a sua retidão estavam sempre a revolvê-los baixo. Enfim, tinha feito o que devia! E com um gesto triste, falando só, no silêncio da sala:

- O resto é com a sua consciência!

Nessa tarde, na rua, sabia=se já que a D. Felicidade Noronha torcera um pé na Encarnação (outros diziam quebrara uma perna), e que a D. Luísa não lhe saia da cabeceira... O Paula declarara com autoridade:

- É de boa rapariga, é de muito boa rapariga!

A Gertrudes do doutor foi logo, à noitinha, perguntar à tia Joana, se era verdade da perna quebrada. A tia Joana corrigiu: era o pé, torcera o pé! E a Gertrudes veio dizer ao doutor, ao chá, que a D. Felicidade dera uma queda, que ficara em pedaços. - Foi na Encarnação - acrescentou. - Diz que anda tudo lá numa roda viva. A Luisinha até lá tem dormido...

- Pieguices de beatas! - rosnou com tédio o doutor.

Mas na rua todos a elogiavam. Mesmo, daí a dias, o Teixeira Azevedo (que apenas cumprimentava Luísa), tendo-a encontrado na Rua de São Roque, parou, e com uma cortesia profunda:

- Desculpe Vossência.





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