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Capítulo 15: CAPÍTULO XV

Página 387
CAPÍTULO XV

Ao outro dia Jorge foi ao ministério, onde não tinha aparecido nos últimos tempos. Mas demorou-se pouco. A rua, a presença dos desconhecidos ou dos estranhos torturava-o; parecia-lhe que todo o mundo sabia; nos olhares mais naturais via uma intenção maligna, e nos apertos de mão mais sinceros uma irônica pressão de pêsames; as carruagens mesmo que passavam davam-lhe a suspeita de a terem conduzido ao rendez-vous, e todas as casas lhe pareciam a fachada infame do Paraíso. Voltou mais sombrio, infeliz, sentindo a vida estragada. E logo no corredor ao entrar ouviu Luísa cantarolando, como outrora, a Mandolinata!

Estava-se a vestir.

- Como estás tu? - perguntou, pondo a um canto a sua bengala.

- Estou boa. Hoje estou muito melhor. Um bocado fraca ainda...

Jorge deu alguns passos pelo quarto, taciturno.

- E tu? - perguntou-lhe ela.

- Para aqui ando - disse tão desconsoladamente que Luísa pousou o pente, e com os cabelos soltos veio pôr-lhe as mãos nos ombros, muito carinhosa:

- Que tens tu? Tu tens alguma coisa. Estranho-te tanto há dias! Não és o mesmo! Às vezes estás com um cara de réu... Que é? Dize.

E os seus olhos procuravam os dele, que se desviavam perturbados.

Abraçou-o. Insistia, queria que dissesse tudo à "sua mulherzinha".

- Dize. Que tens?

Ele olhou-a muito, e de repente, com uma resolução violenta:

- Pois bem, digo-te. Tu agora estás boa, podes ouvir... Luísa! Vivo num inferno há duas semanas. Não posso mais... Tu estás boa, não é verdade? Pois bem, que quer dizer isto? Dize a verdade!

E estendeu-lhe a carta de Basílio.

- O que é? - fez ela muito branca. E o papel dobrado tremia-lhe na mão.

Abriu-a devagar, viu a letra de Basílio, num relance adivinhou-a.

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pág. 387 (Capítulo 15)

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Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 387

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411