Queixou-se, também, de vergar ao peso dos seus trabalhos literários...
- Esperemos todavia, Sr. Zuzarte, que não sejam infrutíferas as nossas vigílias!
- As suas, Sr. Conselheiro, as suas! - E com interesse: - Quando nos dá o seu novo trabalho? Há sofreguidão em o ver!
- Há alguma sofreguidão - concordou o Conselheiro com seriedade. Há dias me dizia o senhor ministro da Justiça (esse robustíssimo talento), há dias me dizia, me fazia a honra de me dizer: Dê-nos depressa o seu livro, Acácio, estamos precisados de luz, de muita luz!" Foi assim que ele disse. Eu inclinei-me, naturalmente, e respondi: "senhor ministro, não serei eu que a negue ao meu pais, quando o meu país a necessitar!"
- Muito bem, muito bem, Conselheiro!
- E - acrescentou - dir-lhes-ei aqui em família, que o nosso ministro do reino me deixou entrever num futuro não remoto, a comenda de São Tiago!
- Já lha deviam ter dado, Conselheiro! - exclamou Julião, divertindo-se.
- Mas neste desgraçado país... Já a devia ter ao peito, Conselheiro!
- Há que tempos! - exclamou com força D. Felicidade.
- Obrigado, obrigado! - balbuciou o Conselheiro, rubro. E na expansão do seu júbilo ofereceu com uma familiaridade agradecida, a sua caixa de rapé a Julião.
- Tomarei para espirrar - disse ele.
Sentia-se naquela tarde numa disposição benévola; o trabalho e as altas esperanças que ele lhe dava tinham decerto dissipado o seu azedume; parecia até ter esquecido a sua humilhação, quando encontrara ali, naquela sala, o primo Basílio, porque apenas Luísa entrou, perguntou-lhe por ele.
- Partiu para Paris, não sabiam? Há que tempos!
D. Felicidade e o Conselheiro fizeram logo o elogio de Basílio. Tinha ido deixar bilhetes de visita a ambos - o que encantara D.