Quando o macaco se aproximou da janela com o seu fardo todo mutilado, o marinheiro atónito deixou-se escorregar pelo cabo abaixo e correu para casa, apavorado com as consequências da carnificina, sem se preocupar com o destino que teria o seu orangotango. As palavras ouvidas pelas testemunhas eram as suas exclamações de horror e espanto, misturadas com os guinchos diabólicos do animal.
Pouco mais tenho a acrescentar. O orangotango deve ter fugido do quarto, pelo pára-raios, antes de a porta ser arrombada. Ao sair pela janela deve tê-la fechado. Mais tarde foi apanhado pelo proprietário, que o vendeu por bom preço ao Jardim des Plantes. Le Bon foi libertado imediatamente depois de se ter relatado o caso (com alguns comentários feitos por Dupin) ao prefeito da polícia. Este funcionário, embora se tivesse mostrado muito amável para com o meu amigo, não conseguiu dissimular o mau humor que lhe causou a forma como o caso fora solucionado, comentando sarcasticamente que havia importunos que andavam sempre a meter o nariz onde não eram chamados.