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Capítulo 3: O MENINO RICO

Página 110

A primeira vez que Anson teve a noção da sua superioridade foi quando se apercebeu da deferência semi-invejosa com que o tratavam na aldeia de Connecticut. Os pais dos rapazes com quem brincava perguntavam-lhe sempre pelo pai e pela mãe, e ficavam ligeiramente excitados quando os seus filhos eram convidados para ir a casa dos Hunters. Aceitou isto como ordem natural das coisas; e uma espécie de impaciência em todos os grupos onde não era o centro - em dinheiro, em posição, em autoridade - ficou com ele para o resto dos seus dias. Recusava-se a disputar com outros rapazes a posição de chefia - esperava que lha dessem livremente, e quando não lha davam ia para junto da família. A família era-lhe suficiente, pois que no leste o dinheiro ainda tem qualquer coisa de feudal, qualquer coisa que dá origem aos clãs. No ocidente snob, o dinheiro separa as famílias para formar «círculos».

Aos dezoito anos, quando foi para New Haven Anson era alto e bem constituído, tinha a pele clara e uma cor de saúde devido à vida regrada que levara na escola. O cabelo era amarelo e crescia-lhe na cabeça de uma maneira engraçada, o nariz era aquilino - estas duas coisas impediam-no de ser bonito - mas tinha um encanto confiante e um certo estilo brusco e os homens da classe alta que passavam por ele na rua sabiam sem ninguém lhes dizer que se tratava de um menino rico que frequentava uma das melhores escolas. Porém, a sua própria superioridade impedia-o de ter sucesso na universidade - a independência era confundida com egoísmo, e a sua recusa em aceitar os padrões de Vale com o devido respeito parecia rebaixar todos os que o faziam. Assim, muito antes de se formar, começou a transferir para Nova Iorque o centro da sua vida.

Em Nova Iorque sentia-se em casa - aí tinha a sua própria casa com o «gênero de criados que já não se encontram» - e a sua própria família da qual se tornou rapidamente o centro, por causa do seu bom humor e da sua habilidade para lidar com as coisas; aí tinha as festas de debutantes e o irrepreensível mundo masculino dos clubes de homens e as patuscadas ocasionais com as meninas galantes que New Haven apenas conhecia da quinta fila da plateia.

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pág. 110 (Capítulo 3)

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Capa do livro A Década Perdida
Páginas: 182
Página atual: 110

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
O PRIMEIRO DE MAIO 1
O DIAMANTE DO TAMANHO DO RITZ 60
O MENINO RICO 108
A ABSOLVIÇÃO 154
TRÊS HORAS ENTRE DOIS AVIÕES 172
A DÉCADA PERDIDA 179