A Década Perdida - Cap. 3: O MENINO RICO Pág. 113 / 182

Uma noite, depois de um baile, concordaram em casar e ele escreveu à mãe uma longa carta acerca dela. No dia seguinte Paula disse-lhe que era rica, que tinha uma fortuna pessoal de quase um milhão de dólares.

III

Era exactamente como se pudessem dizer: «Nenhum de nós tem nada: seremos pobres juntos» tão deleitados como se fossem ricos. Dava-lhes a mesma comunhão de aventuras. Porém, quando Anson se foi embora em Abril, e Paula e a mãe o acompanharam, ela ficou impressionada com o nível da sua família em Nova lorque e com a maneira como viviam. Sozinha com Anson pela primeira vez nas salas onde ele brincara em rapaz, sentia-se cheia de uma confortável emoção, como se estivesse eminentemente segura e protegida. As fotografias de Anson com a boina da sua primeira escola, de Anson a cavalo com a namorada de um misterioso Verão já esquecido, de Anson num grupo alegre de rapazes e damas de honor num casamento, tornavam-na ciumenta da sua vida passada longe dela, e a pessoa autoritária que ele era, parecia representar e simbolizar tão completamente estas suas conquistas, que ela teve a ideia inspirada de se casar imediatamente e voltar para Pensacola como mulher dele.

Mas um casamento imediato estava fora de questão; até o noivado tinha de ficar secreto até depois da guerra. Quando ela se apercebeu de que apenas restavam dois dias das férias dele, a sua insatisfação cristalizou na intenção de o tornar tão avesso a esperar como ela. Iam jantar ao campo e ela resolveu forçar o assunto nessa noite.

Ora uma prima de Paula estava instalada com eles, no Ritz, uma rapariga austera e amarga que gostava de Paula mas tinha ciúmes do seu noivado e, como Paula estava atrasada a vestir-se, a prima, que não ia à festa, recebeu Anson na sala do apartamento.





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