Andava a beber muito e durante uma semana fingiu que estava apaixonado por ela. Depois deixou-a abruptamente e esqueceu-a. Imediatamente tomou no coração dela a posição de comando.
Como tantas outras raparigas dessa época, Dolly era ligeira e indiscretamente estouvada. A ausência de convencionalismo de uma geração um pouco mais velha fora simplesmente uma faceta de um movimento do após-guerra para desacreditar os hábitos obsoletos; a de Dolly era simultaneamente mais velha e mais pobre, e ela via em Anson os dois extremos que uma mulher emocionalmente indolente procura: uma inclinação para a indulgência alternando com uma força protectora. No carácter dele ela sentia tanto o sibarita como a rocha firme, e estas duas facetas satisfaziam todas as necessidades da sua natureza.
Sentia que ia ser difícil, mas enganou-se na razão: pensava que Anson e a família esperavam um casamento mais espectacular, mas adivinhou imediatamente que a sua vantagem estava na tendência dele para a bebida.
Encontravam-se nos grandes bailes de debutantes mas, como a paixão dela aumentava, passaram a andar juntos cada vez mais. Como a maioria das mães, Mrs. Karger acreditava que Anson era excepcionalmente digno de confiança, por isso deixava Dolly ir com ele a clubes distantes e a locais suburbanos sem se meter nas actividades deles, nem lhe pedir explicações quando regressavam tarde. A princípio estas explicações poderiam ter sido exactas, mas as intenções de Dolly de prender Anson depressa foram ultrapassadas pelo ímpeto crescente das suas emoções. Os beijos no banco de trás dos táxis e dos automóveis já não bastavam; fizeram uma coisa curiosa:
Deixaram o seu próprio mundo e durante um tempo construíram outro mundo mesmo por baixo dele, onde as bebedeiras de Anson e as horas irregulares de Dolly seriam menos notadas e comentadas.
