- Quando tiver quarenta anos - dizia aos amigos - estarei maduro. Vou apaixonar-me por alguma corista, como todos os outros.
Em todo o caso, persistiu na sua alternativa.
A mãe queria vê-lo casado e agora ele já podia fazê-lo; tinha um lugar na Bolsa e ganhava vinte e cinco mil dólares por ano. A ideia era-lhe agradável: quando os amigos - passava a maior parte do seu tempo com o grupo que ele e Dolly tinham frequentado - se fechavam à noite atrás das portas domésticas, ele já não rejubilava com a sua liberdade. Chegava a perguntar a si mesmo se deveria ter casado com Dolly. Nem sequer Paula o amara mais e ele estava a aprender, numa vida de solteiro, a raridade que é encontrar a verdadeira emoção.
Exactamente quando este estado de espírito começava a tomar conta dele, chegou-lhe aos ouvidos uma história inquietante. A tia Edna, mulher de cerca de quarenta anos, andava metida numa intriga amorosa com um Jovem dissoluto e grande bebedor chamado Cary Sloane. Toda a gente estava ao par, excepto o tio de Anson, Robert, que durante quinze anos perorara pelos clubes absolutamente seguro da mulher.
Anson ouviu e voltou a ouvir a história com crescente irritação. Algo da sua antiga amizade pelo tio se reacendeu, um sentimento que era mais do que pessoal, era um regresso àquela solidariedade familiar na qual baseara todo o seu orgulho. A sua intuição apontou-lhe o ponto essencial do problema, que era o tio não se magoar. Foi a sua primeira experiência de uma intromissão não solicitada mas, conhecendo o caracter de Edna, sentia que podia tratar do caso melhor do que um juiz, ou o tio.
O tio estava em Hot Springs. Anson foi até às origens do escândalo para que não houvesse possibilidade de erro e, depois, telefonou a Edna e convidou-a para almoçar com ele no Plaza no dia seguinte.