Qualquer coisa no seu tom de voz a deve ter assustado e mostrou-se relutante, mas ele insistiu adiando o encontro até que ela já não tinha pretexto para recusar. 
Encontraram-se à hora combinada, no átrio do Plaza; ela era uma loira encantadora, pálida, de olhos cinzentos, num casaco de zibelina russa. Quatro belos anéis, de diamantes e esmeraldas, refulgiam nas suas mãos esguias. Anson ponderou que tinha sido a inteligência do seu pai e não do tio que ganhara as peles e as jóias, o brilho opulento que realçava a sua beleza em decadência. 
Embora Edna pressentisse a hostilidade dele, não estava preparada para a maneira directa como abordou o assunto. 
- Edna, estou espantado com a maneira como tem procedido - disse ele com voz forte e franca. - A princípio nem podia acreditar. 
- Acreditar em quê? - perguntou ela com vivacidade. 
- Comigo não precisa de fingir, Edna. Refiro-me ao Cary Sloane. À parte de quaisquer outras considerações, não supunha que poderia tratar o tio Robert... 
- Olhe aqui, Anson... - começou ela zangada, mas a voz peremptória dele abafou a dela: 
- E os seus filhos dessa maneira. Está casada há dezoito anos e já tem idade suficiente para saber o que faz. 
- Não podes falar-me assim! Tu... 
- Posso, sim. O tio Robert foi sempre o meu melhor amigo. 
Estava imensamente comovido. Estava verdadeiramente amargurado por causa do tio e dos seus três jovens primos. 
Edna levantou-se deixando o aperitivo de caranguejo intacto. 
- É a coisa mais estúpida... 
- Pois muito bem, se não quer ouvir-me vou falar com o tio Robert e conto-lhe tudo; mais cedo ou mais tarde vai chegar-lhe aos ouvidos. E depois vou falar com o velho Moses Sloane. 
Edna voltou a cair na cadeira. 
- Não fales tão alto - pediu-lhe.