A Década Perdida - Cap. 3: O MENINO RICO Pág. 144 / 182

Lamentou que o noivo dessa tarde não estivesse presente; tinham sempre conseguido encher o papo em noites como aquela: sabiam como atrair as mulheres e como desembaraçar-se delas. Quanta consideração, da parte do seu hedonismo inteligente, merecia cada rapariga. Uma festa era uma coisa conveniente: levavam-se certas raparigas para certos lugares e divertiam-se com elas quanto queriam; bebia-se um copo, não muito, mas mais do que se devia beber, e de manhã levantavam-se a certa altura e diziam que iam para casa. Evitavam-se os estudantes, os penduras, compromissos futuros, lutas, sentimentos e indiscrições. Era assim que se fazia. Tudo o resto era desperdício.

De manhã nunca se estava fortemente arrependido; não se tomavam resoluções mas, se se tinha exagerado e o coração estava ligeiramente perturbado, parava-se com as bebidas por uns dias sem dizer nada e esperava-se até que uma acumulação de tédio nervoso lançasse a pessoa noutra festa.

O vestíbulo do Yale Club estava deserto. No bar, três estudantes universitários muito jovens miraram-no por um instante sem curiosidade.

- Olá, Óscar - disse para o empregado do bar.

- Mr. Cahill esteve cá esta tarde?

- Mr. Cahill foi para New Haven.

- Ah sim?

- Foi assistir ao jogo. Foram muitos.

Anson olhou novamente para o vestíbulo, pensou durante um momento e depois saiu para a Quinta Avenida. De uma enorme janela de um dos clubes onde ele mal aparecera durante cinco anos - um homem grisalho, de olhos aguados, olhava-o. Anson desviou rapidamente os olhos. Aquela figura ali sentada numa resignação apática, numa solidão altiva, deprimia-o. Parou e, voltando para trás, meteu pela Rua 47 em direcção ao apartamento de Teak Warden. Teak e a mulher tinham já sido os seus amigos mais chegados, eram uma família que ele e Dolly Karger se tinham habituado a frequentar nos tempos do seu romance.





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