- Antes queria uma bebida - disse Key quando pararam e se dirigiram para o passeio por entre gritos de «aldrabões!» e «covardes!»
- O teu irmão trabalha para estes lados? - perguntou Rose, tomando ares de quem passa do superficial para o eterno.
- Devia trabalhar - respondeu Key. - Já-não o vejo há uns anos. Desde então estive na Pennsylvania. Pode ser que não trabalhe à noite. É por estes sítios. Ele pode arranjar-nos alguma coisa se ainda não se foi embora.
Uns minutos depois encontraram o sítio, um restaurante com toalhas ordinárias, entre a Quinta A venida e a Broadway. Key entrou para saber do irmão, George, enquanto Rose esperava no passeio.
- Já cá não está - disse Key reaparecendo.
- É criado de mesa no Delmonico.
Rose abanou a cabeça com ar entendido, como se já estivesse à espera daquilo. Não era de admirar que um homem competente mudasse de emprego de vez em quando. Conhecera um criado, e daí seguiu-se uma longa conversa, enquanto- caminhavam, sobre se os criados ganhavam mais dinheiro com os ordenados ou com as gorjetas - decidiram que dependia da categoria social do local de trabalho do criado. Depois de terem feito um ao outro descrições pormenorizadas de milionários jantando no Delmonico e largando notas de cinquenta dólares depois da primeira garrafa de champanhe, ambos pensaram para si em se fazerem criados de mesa. De facto, a estreita testa de Key estava a congeminar a decisão de pedir ao irmão para lhe arranjar emprego.
- Um criado de mesa pode beber todos os restos de champanhe que os tipos deixam nas garrafas afirmou Rose, acrescentando como um segundo pensamento: - Caramba!
Eram dez e meia quando chegaram ao Delmonico e ficaram surpreendidos ao verem uma fila de táxis que se dirigiam para a porta, um após outro, largando jovens maravilhosas e sem chapéu, cada uma escoltada por um jovem empertigado em fato de cerimónia.