- É uma festa - disse Rose com certo receio. Talvez seja melhor não entrarmos. Ele deve estar muito atarefado.
- Não está nada. Não vai haver problema. Depois de alguma hesitação, entraram pela que lhes pareceu ser a porta mais modesta e, indecisos e nervosos, pararam num canto discreto da pequena sala de jantar onde se encontravam. Tiraram os bivaques e seguraram-nos nas mãos. Foram invadidos por uma onda de melancolia e ambos estremeceram quando se abriu uma porta numa extremidade do compartimento, deixando passar um criado com a rapidez de um cometa, o qual atravessou a sala e desapareceu por outra porta na outra extremidade.
Tinha já havido três aparições quando os intrusos se lembraram de interpelar um criado. Este voltou-se, olhou para eles desconfiado, e aproximou-se com passos suaves de gato, como se se preparasse para recuar e fugir a qualquer momento.
- Olhe lá - começou Key - olhe lá, conhece o meu irmão? Está aqui empregado como criado de mesa.
- Chama-se Key - esclareceu Rose.
Sim, o criado conhecia o Key. Supunha que estava lá em cima. Havia um grande baile no salão principal. Ia dizer-lhe.
Passados dez minutos apareceu George Key e cumprimentou o irmão com a maior das desconfianças; o seu primeiro pensamento e o mais natural foi que lhe vinha pedir dinheiro.
George era alto e com queixo pequeno, mas aí terminavam as suas semelhanças com o irmão. Os olhos do criado não eram tristes, eram vivos e brilhantes, e os modos eram suaves, polidos, vagamente superiores. Trocaram formalidades. George estava casado e tinha três filhos. Parecia interessado mas não impressionado pela novidade de que Carrol tinha estado no estrangeiro, no exército; o que desapontou Carrol.
- George - disse o irmão mais novo depois de acabarem com as amabilidades -, queremos beber uns copos mas não nos vendem.
