Foi a Kitty que a tirou e eu roubei-lha.
Por um momento Donald não conseguiu reconhecer-se na fotografia; depois, olhando mais de perto, não conseguiu de todo reconhecer-se.
- Esse não sou eu - disse.
- És sim. Foi em Frontenac, no Verão em que costumávamos ir para a cave.
- Qual cave? Só estive três dias em Frontenac. - E de novo fixou os olhos na fotografia ligeiramente amarelada. - E esse não sou eu. Esse é o Donald Bowers. Éramos um bocado parecidos.
Agora ela olhava-o espantada, - inclinada para trás, parecendo querer fugir-lhe.
- Mas tu és o Donald Bowers! - exclamou ela elevando um pouco a voz. - Não, não és. És o Donald Planto
- Eu disse-te ao telefone. Ela pôs-se de pé com uma expressão de horror.
- Plant! Bowers! Devo estar louca. Ou foi da bebida! Fiquei um tanto baralhada quando te vi. Olha cá! O que foi que eu te disse?
Tentou aparentar uma calma monástica enquanto virava uma página do álbum.
- Não disseste nada - afirmou. Fotografias onde não aparecia surgiam e voltavam a surgir - Frontenac - uma cave - Donald Bowers - «Tu mandaste-me passear!»
Nancy falou do outro lado da sala.
- Nunca contes esta história - disse ela. - As histórias têm sempre tendência para se espalharem.
- Não há nenhuma história - disse ele hesitante.
Mas pensou: então ela era mesmo uma rapariguinha marota.
E agora, de repente, estava cheio de loucos ciúmes do pequeno Donald Bowers, ele que banira para sempre o ciúme da sua vida.
Nos cinco passos que deu através da sala liquidou vinte anos e a existência de Walter Gifford.
- Beija-me outra vez, Nancy - disse ele tombando sobre um joelho ao lado da cadeira dela e pondo-lhe a mão no ombro. Mas Nancy desviou-se.
- Disseste que tinhas de apanhar um avião.