A Década Perdida - Cap. 1: O PRIMEIRO DE MAIO Pág. 33 / 182

Riram-se; riram-se estrondosamente; pensavam que era impossível olharem um para o outro sem se rirem. Mas não estavam a rir-se com aquele homem - estavam a rir-se dele. Para eles, um homem que falava daquela maneira ou estava perdido de bêbedo ou era doido varrido.

- São estudantes de Yale, suponho - disse Peter enquanto acabava um whisky e preparava outro.

Riram-se de novo. - Naaah!

- Então? Pensei que pudessem ser membros daquela pequena secção da universidade a que chamam Escola Científica de Sheffield.

- Naaah!

- Não? Isso é que é mau. Sem dúvida são estudantes de Harvard desejosos de passarem incógnitos neste... neste paraíso azul-violeta, como dizem os jornais. - Naaah! - disse Key com desdém - estávamos só à espera de uma pessoa.

- Ah! - exclamou Peter levantando-se e enchendo-lhes os copos - tinham encontro marcado com uma mulher da limpeza, hein? Muito interessante.

Ambos negaram indignados.

- Está bem - sossegou-os Peter -, não têm de que pedir desculpa. Uma mulher da limpeza é tão boa como qualquer outra mulher deste mundo. Kipling diz: «Qualquer mulher e Judy O'Grady debaixo da pele.»

- Claro - disse Key, piscando o olho a Rose.

- O meu caso, por exemplo ~ continuou Peter acabando o copo. - Tenho lá em cima uma rapariga mimada. O estafermo de rapariga mais mimada que já vi. Recusou-se a beijar-me sem razão nenhuma. Fez-me pensar de propósito: claro que te quero beijar, e depois pumba! Mandou-me passear! Onde é que é que a geração mais nova irá parar?

- Olhe que isso é pouca sorte - disse Key -, é muito pouca sorte.

- Caramba! - disse Rose.

- Tomam outro? - perguntou Peter.

- Estivemos metidos numa luta há bocado - disse Rose depois de um silêncio. - Mas foi muito longe.





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