A Década Perdida - Cap. 2: O DIAMANTE DO TAMANHO DO RITZ Pág. 67 / 182

Só de um lado havia ainda rochas e, depois, subitamente, já não havia mais rochas aos lados nem em parte alguma à volta.

Viram que tinham passado por cima de uma enorme pedra como a lâmina de uma faca que se projectasse perpendicularmente no ar. Pouco depois estavam novamente a descer e, finalmente, com um choque suave, aterraram no chão macio.

- O pior já passou - disse Percy, olhando pela janela. - Daqui já são só oito quilómetros, e pela nossa estrada toda em tijolos. Isto pertence-nos. É aqui que os Estados Unidos acabam, diz o pai.

- Estamos no Canadá?

- Não, não estamos. Estamos no meio das Montanhas Rochosas. Mas agora estás nos únicos oito quilómetros de estrada que nunca foram demarcados. - Porquê? Esqueceram-se deles?

- Não - disse Percy sorrindo. - Já tentaram três vezes. Da primeira vez o meu avô subornou todo o departamento de demarcações do Estado; da segunda vez mandou alterar os mapas oficiais dos Estados Unidos, e isso segurou-os durante quinze anos. Da última vez foi mais difícil. O meu pai arranjou as coisas de maneira que as bússolas deles ficassem instaladas no campo magnético mais forte que já alguma vez se criou artificialmente. Mandou fazer um conjunto de instrumentos de demarcação com um ligeiro erro que fazia com que este território não aparecesse, e substituiu os que deviam ser usados por estes. Depois mandou desviar um rio e o conjunto parecia urna aldeia construída na margem, de modo que, ao verem-no, julgassem que se tratava de urna povoação situada dezasseis quilómetros mais acima do vale. Só há urna coisa de que o meu pai tem medo - concluiu - só urna coisa no mundo que podia ser usada para nos desmascarar.

- E o que é?

Percy baixou a voz até ser apenas um murmúrio. - Aviões - sussurrou.





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