- Conheci a filha de um grossista em ferragens - observou Kismine. - Acho que não gostarias dela. Era amiga da minha irmã. Esteve aqui em casa.
- Ah, então tiveram outros hóspedes - exclamou John surpreendido.
Kismine pareceu arrepender-se do que dissera.
- Tivemos - disse apressada. - Tivemos alguns.
- Mas não tens... o teu pai não tinha medo de que falassem demais lá fora?
- Ora, até certo ponto, até certo ponto. Vamos falar de qualquer coisa mais agradável.
- Alguma coisa mais agradável! - repetiu ele.
- O que é que há de desagradável nisto? Não eram raparigas decentes?
Para sua grande surpresa Kismine começou a chorar.
- Eram. Aí, aí é que está o problema. Cresci muito ligada a algumas delas. E a Jasmine também, mas continuou a convidá-las. Não consegui perceber.
Uma negra suspeita surgiu no coração de John.
- Queres dizer que elas falaram e que o teu pai mandou... mandou-as eliminar?
- Pior do que isso - murmurou ela desolada.
- O pai não quis arriscar-se, e a Jasmine continuou a escrever-lhes para virem, e elas divertiram-se tanto!
Foi assaltada por um paroxismo de dor. Atordoado com o horror desta revelação, John sentou-se de boca aberta, sentindo todos os nervos do corpo alvoroçados, como se muitos pardais estivessem empoleirados sobre a sua coluna vertebral.
- Olha, contei-te e não devia ter-te contado - disse ela, acalmando-se subitamente e secando os olhos azuis-escuros.
- Queres dizer que o teu pai as mandou assassinar antes de se irem embora?
Ela concordou com a cabeça.
- Geralmente em Agosto, ou no princípio de Setembro. É natural que nós tiremos delas primeiro todo o prazer que pudermos.
- Que coisa abominável! Oh, devo estar a endoidecer! Admitiste realmente que.