Button e a enfermeira estremeceram violentamente.
- Porque, se é - continuou o velho, rezinguento -, quero que me tire deste lugar... ou, pelo menos, que lhes diga que ponham aqui uma cadeira de balanço confortável.
- De onde demónio veio você? Quem é? - explodiu Mr. Button, exasperado.
- Não lhe sei dizer exactamente quem sou - respondeu a voz esganiçada e rabugenta - porque nasci há poucas horas, apenas... mas o meu apelido é, sem dúvida, Button.
- Mente! É um impostor!
O velho voltou-se, fatigado, para a enfermeira.
- Bonita maneira de dar as boas-vindas a um recém-nascido - queixou-se, em voz fraca. - Por que não lhe diz que está enganado?
- Está enganado, Mr. Button - afirmou a enfermeira, com firmeza. - Este é o seu filho e terá de se resignar com isso. Vamos pedir-lhe que o leve consigo para casa o mais brevemente possível... ainda hoje.
- Para casa? - repetiu Mr. Button, incrédulo.
- Sim, nós não podemos ficar com ele aqui. Não podemos mesmo, compreende?
- O que muito me agrada - guinchou o velho. - É um belo lugar para um jovem de gostos tranquilos. Com toda esta gritaria e todos estes berros não tenho conseguido pregar olho. Pedi qualquer coisa para comer a sua voz adquiriu um tom esganiçado de protesto - e trouxeram-me um biberão de leite!
Mr. Button deixou-se cair numa cadeira ao lado do filho e ocultou o rosto com as mãos.
- Valha-me Deus! - murmurou, horrorizado. - O que dirão as pessoas? O que devo fazer?
- Tem de o levar para casa - insistiu a enfermeira. - Imediatamente!
Uma imagem grotesca surgiu, com terrível clareza, diante dos olhos do homem torturado, uma imagem de si mesmo a caminhar pelas ruas cheias de gente da cidade com aquela pavorosa aparição a andar silenciosamente ao seu lado.