- É de transmissão standard? - perguntou Tom.
- É.
- Nesse caso, o senhor leva o meu coupé e deixa-me conduzir o seu carro até à cidade.
A ideia desagradou a Gatsby.
- Acho que não tem gasolina suficiente - objectou.
- Gasolina tem ele à farta! - disse Tom com rispidez. Olhou para o manómetro. - E se faltar, pára-se num drugstore! Hoje em dia, compra-se tudo o que se quiser num drugstore!
A esta observação, aparentemente sem sentido, seguiu-se uma pausa. Daisy franziu o sobrolho a Tom e no rosto de Gatsby perpassou uma expressão indefinível, decididamente estranha e vagamente familiar ao mesmo tempo, como se apenas a tivesse ouvido descrever por palavras.
- Vamos lá, Daisy! - disse Tom, empurrando-a com a mão para o carro de Gatsby. - Vais comigo neste vagão de circo!
Abriu-lhe a porta, mas ela desviou-se do círculo do seu braço.
- Tu levas o Nick e a Jordan e nós vamos atrás de vocês no coupé.
Aproximou-se de Gatsby, roçando-lhe o casaco com a mão. Jordan, Tom e eu ocupámos os lugares da frente do carro de Gatsby, Tom experimentou as engrenagens que não conhecia e disparámos pelo calor opressivo, deixando-os para trás, bem fora do nosso alcance.
- Viram aquilo? - perguntou Tom.
- O quê?
Olhou penetrantemente para mim, partindo do princípio de que, tanto eu como Jordan, há muito devíamos saber de tudo:
- Mas vocês acham que eu sou completamente estúpido? - instigou-nos. - Posso ser muito estúpido, mas às vezes tenho uma... quase como que uma segunda visão, que me diz o que devo fazer. Podem não acreditar, mas a ciência...
Calou-se. A contingência imediata colheu-o de surpresa e fê-lo recuar, à beira do abismo das teorias.