- E vamos assim, sem mais nem menos? - objectou ela.
- Não se pode fumar um cigarro primeiro?
- Toda a gente passou o almoço a fumar.
- Oh, vamos mas é divertir-nos! - suplicou ela. - Está calor de mais para zaragatas!
Ele não respondeu.
- Seja feita a tua vontade! - disse ela. - Anda daí, Jordan! Enquanto elas subiram ao andar de cima para se vestirem, nós os três ficámos a arrastar os pés pelo saibro. Já o C prateado da lua pairava no céu, a oeste. Gatsby ia para falar e mudou de ideias, mas nesse momento já Tom rodara sobre os pés e o encarava, expectante.
- Os estábulos ficam aqui? - perguntou Gatsby com esforço.
- Não, ficam mais ou menos a um quarto de milha daqui, ao fundo da estrada.
- Ah!
Pausa.
- Não percebo esta ideia de irmos agora para a cidade! - irrompeu Tom ferozmente. - As mulheres têm cada ideia!...
- Levamos alguma coisa que se beba? - perguntou Daisy de uma janela, lá em cima.
- Vou buscar uísque! - respondeu Tom, e entrou em casa.
Gatsby voltou-se rigidamente para mim:
- Não posso abrir a boca nesta casa, meu velho!
- Ela tem uma voz indiscreta - observei. - Uma voz cheia de... - hesitei.
- A voz dela está cheia é de dinheiro! - disse ele subitamente.
Era isso mesmo. Nunca o tinha compreendido. Cheia de dinheiro - era esse o inexaurível encanto dos seus altos e baixos, aquele tilintar, aquela melodia de címbalos... Lá no cimo de um palácio branco, a filha do rei, a menina de ouro!...
Tom saiu de casa com uma garrafa de um quarto de galão, embrulhada numa toalha, seguido por Daisy e Jordan, ambas com chapéus de tecido metálico e capas leves no braço.
- Vamos todos no meu carro? - sugeriu Gatsby.