O Grande Gatsby - Cap. 7: Capítulo VII Pág. 115 / 173

A voz de Daisy fez-nos pôr de pé a caminho da vereda de saibro flamejante.

- E vamos assim, sem mais nem menos? - objectou ela.

- Não se pode fumar um cigarro primeiro?

- Toda a gente passou o almoço a fumar.

- Oh, vamos mas é divertir-nos! - suplicou ela. - Está calor de mais para zaragatas!

Ele não respondeu.

- Seja feita a tua vontade! - disse ela. - Anda daí, Jordan! Enquanto elas subiram ao andar de cima para se vestirem, nós os três ficámos a arrastar os pés pelo saibro. Já o C prateado da lua pairava no céu, a oeste. Gatsby ia para falar e mudou de ideias, mas nesse momento já Tom rodara sobre os pés e o encarava, expectante.

- Os estábulos ficam aqui? - perguntou Gatsby com esforço.

- Não, ficam mais ou menos a um quarto de milha daqui, ao fundo da estrada.

- Ah!

Pausa.

- Não percebo esta ideia de irmos agora para a cidade! - irrompeu Tom ferozmente. - As mulheres têm cada ideia!...

- Levamos alguma coisa que se beba? - perguntou Daisy de uma janela, lá em cima.

- Vou buscar uísque! - respondeu Tom, e entrou em casa.

Gatsby voltou-se rigidamente para mim:

- Não posso abrir a boca nesta casa, meu velho!

- Ela tem uma voz indiscreta - observei. - Uma voz cheia de... - hesitei.

- A voz dela está cheia é de dinheiro! - disse ele subitamente.

Era isso mesmo. Nunca o tinha compreendido. Cheia de dinheiro - era esse o inexaurível encanto dos seus altos e baixos, aquele tilintar, aquela melodia de címbalos... Lá no cimo de um palácio branco, a filha do rei, a menina de ouro!...

Tom saiu de casa com uma garrafa de um quarto de galão, embrulhada numa toalha, seguido por Daisy e Jordan, ambas com chapéus de tecido metálico e capas leves no braço.

- Vamos todos no meu carro? - sugeriu Gatsby.





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