O Grande Gatsby - Cap. 7: Capítulo VII Pág. 130 / 173

Trinta anos - a promessa de uma década de solidão, um rol reduzido de celibatários como eu a conhecer, uma reserva de entusiasmo cada vez mais pequena, o cabelo a rarear. Mas lá estava Jordan ao meu lado, que, ao contrário de Daisy, era demasiado sensata para se permitir transportar, de uma idade para a outra, sonhos bem esquecidos. Ao transpormos a negra ponte, o seu rosto pálido descaiu preguiçosamente no meu ombro e a temível pulsação dos trinta desvaneceu-se sob a pressão tranquilizadora da mão dela.

E assim continuámos a deslizar a caminho da morte pelo refrescante crepúsculo.

Aquele rapaz grego, o Michaelis, que explorava o café-restaurante à beira do vale de Cinzas, foi a principal testemunha no inquérito. Tinha dormido a sesta, no pino do calor, para além das cinco, e depois foi até à garagem e encontrou George Wilson no escritório, doente - doente de verdade, descorado como o próprio cabelo e a tremer por todos os lados. Michaelis aconselhou-o a ir para a cama, mas Wilson recusou, dizendo que se o fizesse ia perder muito negócio. Enquanto o vizinho tentava persuadi-lo, um violento clamor irrompeu por cima deles.

- Fechei a minha mulher à chave, lá em cima - explicou Wilson, calmamente. - E vai lá ficar até depois de amanhã, que é quando nos vamos daqui para fora.

Michaelis ficou atónito; eram vizinhos havia já quatro anos e nunca Wilson lhe tinha parecido minimamente capaz de tamanha proeza. Era em geral um homem gasto: quando não estava a trabalhar, estava sentado numa cadeira, à entrada da porta, a mirar as pessoas e os carros que passavam na estrada. Se alguém falava com ele, ria-se invariavelmente, de um modo agradável, mas apagado. Era o homem da sua mulher, mas não de si mesmo.

Michaelis tentou, pois,





Os capítulos deste livro