O Grande Gatsby - Cap. 7: Capítulo VII Pág. 133 / 173

Um homem qualquer falava com ele em voz baixa, procurando de vez em quando pôr-lhe a mão no ombro, mas Wilson nem o ouvia. Os seus olhos baixavam lentamente da lâmpada do tecto para a mesa junto da parede, onde estava o cadáver, voltavam, de repente, à lâmpada e lá soltava ele aquele grito agudo de horror:

- Oh, meu Deus! Oh, meu Deeeus! Oh, Deeeus! Oh, meu Deeeus! - Logo a seguir, Tom levantou rapidamente a cabeça e, depois de olhar em volta com os olhos vidrados, mastigou uma observação incoerente para o polícia.

- M-a-v - soletrava o polícia,... o...

- Não, r - corrigiu o homem -, M-a-v-r-o...

- Escute o que eu digo! - murmurou Tom, impetuoso.

- r... - continuou o polícia -, o...

- g...

- g... - o polícia levantou os olhos, quando a enorme mão de Tom lhe caiu rispidamente no ombro. - Que é que você quer?

- Que é que aconteceu? É só isso que eu quero saber.

- Um carro atropelou-a. Teve morte instantânea.

- Morte instantânea - repetiu Tom, com um olhar vago.

- Ela saiu a correr para a estrada. O filho da puta nem sequer parou.

- Eram dois carros - disse Michaelis -, um vinha e outro ia, percebe?

- Ia para onde? - perguntou o polícia, perspicaz.

- Ia cada um para seu lado. Bom, ela... - ia apontar para os cobertores, mas suspendeu o gesto e deixou cair a mão. - Ela saiu a correr para ali e o carro que vinha de Nova Iorque bateu-lhe em cheio, à velocidade de umas trinta ou quarenta milhas à hora.

- Que nome tem este lugar aqui? - perguntou o agente ..

- Não tem nome nenhum.

Um negro de tez não muito escura e bem vestido aproximou-se.

- Foi um carro amarelo - disse ele -, um carro amarelo grande. - Novo.

- Viu o acidente? -perguntou o polícia.

- Não, mas o carro passou por mim ali em baixo, na estrada, a mais de quarenta à hora.





Os capítulos deste livro