O Grande Gatsby - Cap. 8: Capítulo VIII Pág. 148 / 173

voz chegava fresca e revigorante, pelos fios do telefone, até mim, como se um divot de um verde campo de golfe me tivesse entrado, a voar, pela janela do escritório; mas nessa manhã, pareceu-me seca e áspera.

- Saí de casa da Daisy - disse ela. - Estou em Hempstead e vou esta tarde para Southampton.

Talvez fosse diplomático da sua parte deixar a casa de Daisy, mas a atitude irritou-me, e a observação que fez a seguir tornou-me ainda mais inflexível.

- A noite passada você não foi lá muito atencioso para comigo.

- E que importância teve isso, face àquelas circunstâncias?

Fez-se silêncio por instantes, e depois:

- Em todo o caso... eu quero vê-lo.

- Também eu a quero ver.

- E se em vez de ir para Southampton, eu fosse a Nova Iorque esta tarde?

- Não... esta tarde não pode ser.

- Então, está bem.

- Esta tarde é-me impossível. Tenho várias...

Conversámos neste tom por algum tempo, e de repente deixámos de comunicar. Não sei qual de nós desligou abruptamente o telefone, mas não me importei. Nesse dia sentia-me absolutamente incapaz de ficar a conversar com ela à mesa do chá, mesmo que nunca mais na vida pudesse voltar a falar-lhe.

Alguns minutos depois, liguei para casa de Gatsby, mas a linha estava ocupada. Tentei quatro vezes; por fim, uma exasperada telefonista disse-me que a linha estava reservada para uma chamada interurbana; de Detroit. Saquei do meu horário. e desenhei um pequeno círculo à volta do comboio das três e cinquenta. Depois recostei-me na cadeira e tentei concentrar-me. Era justamente meio-dia,

Ao passar de comboio, naquela manhã, pelo vale de Cinzas, eu tinha mudado, intencionalmente, para o lado oposto da carruagem. Imaginava encontrar ali à volta uma chusma de curiosos,





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