Telefonei a Daisy meia hora depois de termos dado com ele morto, telefonei-lhe instintivamente e sem qualquer hesitação. Mas ela e Tom tinham saído logo ao princípio da tarde, com bagagem a acompanhá-los.
- Não deixaram endereço?
- Não.
- Disseram quando voltavam?
- Não.
- Tem alguma ideia do sítio para onde foram? Onde eu possa encontrá-los?
- Não sei. Não posso dizer.
Queria arranjar alguém que lhe fizesse companhia.
Apetecia-me entrar no quarto onde ele jazia e tranquilizá-lo: «Vou buscar alguém que lhe faça companhia, Gatsby. Não se aflija. Confie em mim, que, eu hei-de arranjar-lhe alguém.»
O nome de Meyer Wolfshiem não constava na lista telefónica. O mordomo deu-me a direcção do escritório, na Broadway, e eu liguei para as Informações, mas quando consegui o número do telefone já passava bem das cinco e ninguém me atendeu.
- Não se importa de tentar outra vez?
- Já liguei três vezes.
- É que o assunto é urgente.
- Lamento muito, mas já não deve estar lá ninguém.
Voltei à sala de visitas e por um instante pareceu-me que todos aqueles funcionários, que de repente a encheram, eram visitas de acaso. Mas, apesar de terem puxado para trás o lençol e olhado, impressionados, para Gatsby, o protesto dele repetia-se-me na cabeça: «Olhe cá, meu velho, você ficou de me trazer alguém. Insista! Não consigo suportar isto sozinho.»
Alguém começou a fazer-me perguntas, mas escapei-me e, subindo ao andar de cima, pus-me a rebuscar à pressa nas gavetas da sua secretária - que não estavam fechadas à chave.