O Grande Gatsby - Cap. 9: Capítulo IX Pág. 164 / 173

Ponho-me sempre de fora. Quando era novo, reagia de modo diferente... Se algum amigo meu morria, não interessava como, eu ficava ao lado dele até ao fim. Posso parecer-lhe sentimental, mas era como lhe digo: mesmo até ao fim!

Percebi que por qualquer razão muito pessoal ele estava decidido a não ir e por isso levantei-me.

- O senhor também é pessoa de estudos? - perguntou de repente.

Julguei, por instantes, que ele ia propor-me uma «gonegção», mas limitou-se a acenar a cabeça e apertou-me a mão.

- Aprendamos a mostrar a amizade que temos por um homem enquanto ele é vivo e não depois de estar morto! - insinuou. - A partir daí, a minha regra é: deixá-lo o mais possível em paz e sossego.

Quando saí do escritório, vi que o céu tinha escurecido e ao chegar a West Egg caía uma chuva miudinha. Depois de mudar de roupa, cheguei à casa ao lado e deparei com o senhor Gatz a passear, excitado no hall. O orgulho que sentia pelo filho e pelos seus haveres aumentava continuamente e tinha agora qualquer coisa para me mostrar.

Puxou da carteira com dedos trémulos:

- O Jimmy tinha-me mandado esta fotografia. Olhe só para isto!

Era uma fotografia da casa, já quebrada nos cantos e baça de tantas dedadas. Apontou-me entusiasticamente todos os pormenores:

- Olhe só para isto! - procurando a admiração nos meus olhos. Tinha-a mostrado tantas vezes que lhe parecia agora, talvez, mais real do que a própria casa. - Foi o Jimmy que ma mandou. Gosto muito desta fotografia. Mostra tudo muito bem.

- Pois é. Tinha-o visto recentemente?

- Ele foi visitar-me há dois anos e comprou-me a casa onde hoje moro. É claro que ficámos destroçados quando ele fugiu de casa, mas agora percebo que tinha as suas razões para o fazer. Ele sabia que tinha um grande futuro à sua frente.





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