O Grande Gatsby - Cap. 9: Capítulo IX Pág. 163 / 173

- A memória que dele tenho remonta ao nosso primeiro encontro - disse ele. - Era ele um major muito novo, acabado de sair do exército e coberto de medalhas ganhas na guerra. Estava tão aflito de dinheiro, que tinha de continuara andar de uniforme, porque não podia comprar roupas civis. A primeira vez que o vi foi quando ele apareceu na sala de apostas do Winebrenner, na Forty-Third Street, a pedir emprego. Não comia nada havia dois dias. «Venha daí almoçar comigo!», disse-lhe eu. Em meia hora comeu mais do que o valor de quatro dólares!

- Foi então o senhor que o iniciou nos negócios? - perguntei.

- Iniciar! Fui eu que o fiz!

- Oh!

- Levantei-o do nada, directamente da sargeta. Vi logo que era um rapaz de maneiras, um cavalheiro, e quando ele me disse que tinha estado em Oggsford, percebi que me podia ser muito útil. Mandei-o inscrever-se na Legião Americana e aí chegou a ocupar posições de destaque. Começou logo por fazer um bom trabalho para um cliente meu lá de cima, de Albany. Éramos tão unidos como isto, em todas as coisas... - levantou dois dedos bulbosos no ar. - Inseparáveis!

Fiquei a pensar se esta sociedade não incluiria a transação do Campeonato Mundial de 1919.

- E agora está morto! - disse eu, passado um momento. - O senhor era o seu amigo mais íntimo, por isso estou certo de que há-de querer assistir esta tarde ao seu funeral. - Gostava de ir.

- Pois, então, venha!

Os pêlos das narinas estremeceram-lhe levemente e ao abanar a cabeça os olhos encheram-se-lhe de lágrimas.

- Não posso fazer uma coisa dessas... não posso imiscuir-me no caso - disse ele.

- Não se vai imiscuir em nada: Agora está tudo acabado.

- Quando um homem morre assim, assassinado, não me agrada nunca envolver-me no caso, seja de que maneira for.





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