Depois da morte de Gatsby, o Leste pareceu-me assim assombrado, distorcido para além do meu poder de correcção visual. Assim, quando o fumo azul da queima das folhas quebradiças começou a subir no ar e o vento começou a congelar as roupas a enxugar nas cordas, decidi voltar à minha terra.
Tinha uma coisa a fazer ainda antes de partir, uma coisa desagradável e embaraçosa, que talvez fosse melhor não ter feito. Mas queria pôr tudo em ordem e não deixar simplesmente que aquele mar obsequioso e indiferente para sempre varresse a minha recusa em ficar. Fui procurar Jordan Baker e falei sobre tudo o que nos tinha acontecido e sobre o que depois disso se passara comigo, e ela escutou-me, perfeitamente imóvel, refastelada numa poltrona.
Estava vestida para jogar golfe e lembro-me de que me pareceu uma boa ilustração de uma revista, com o queixo erguido um tanto altivamente, o cabelo da cor das folhas de Outono, o rosto do mesmo matiz castanho que a luva sem dedos poisada no joelho. Quando acabei de falar, disse-me sem rodeios que estava comprometida com outro homem. Duvidei, embora ela pudesse ter arranjado vários, dispostos a casar com ela a um simples aceno de cabeça, mas fingi-me surpreendido. Durante um minuto interroguei-me sobre se não estaria a cometer um erro, depois revi tudo a correr, mentalmente, e levantei-me para me despedir.
- A verdade é que foi você que me deu para trás - disse Jordan, de repente. - Deu-me com os pés ao telefone. Você agora não me interessa minimamente, mas foi uma experiência nova para mim e durante algum tempo andei meio atordoada.
Apertámo-nos as mãos.
- Oh, e lembra-se da conversa que tivemos uma vez acerca de guiar automóveis? - acrescentou.
- Hum.... não me lembro, exactamente.
- Você disse-me que um mau condutor só está seguro de si enquanto não encontra pela frente outro igual.